quinta-feira, 27 de julho de 2017

BIA POR UM TRIZ - Lançamento do livro

A Bia ao lado do livro que conta a sua história.
No dia 26 de julho de 2017, pelas 18:30hs, o livro “Bia por um Triz” foi lançado no Chiado Café Literário - A Casa da Boavista – Porto na Avenida da Boavista 919, Porto.

Livro "Bia por um triz"
Vários amigos e conhecidos compareceram neste importante evento.

A autora Rosária Grácio ao lado da sua professora Carla Medeiros e familiar.

A autora Rosária Grácio a autografar o livro para a Sra.Luísa, a quem foi dedicado o livro porque foi ela quem retirou a Bia das ruas, permitindo a sua adoção.
Um dos convidados foi a Associação Miacis -Protecção e Integração Animal que proporcionou uma visão real e concreta do que são os animais de rua, especialmente os gatos, informando um pouco do que é a verdadeira vida dos gatos de rua e a sua coexistência com os seres humanos, especialmente nas grandes cidades.

É importante salientar que este livro “Bia por um triz” não pretende ser mais um livro para entreter e apenas contar mais uma história de gatos.

Quem tem seguido os artigos neste blogue, já deve ter percebido que o meu objetivo com este livro não é contar apenas uma linda história de gatos. 

Quem ler o livro, vai perceber, que de uma forma simples, conta-se uma história muito real, aliás, baseada em factos reais, especialmente a partir da história de uma das minhas gatas, a Bia.

E por isso, também a Bia se fez presente neste dia de lançamento.

A autora Rosária Grácio e o seu marido Paulo Caetano prepararam para todos os presentes uma surpresa especial para todos que adquiriram o livro neste dia.

Bia a mostrar a sua pata !
Todos os livros foram autografados com um carimbo da pata da verdadeira Bia.
Carimbo da pata da Bia que autografa os livros "Bia por um triz" que é colocado nos livros autografados pela autora Rosária Grácio.
Sim, para além das mensagens personalizadas e assinatura da autora Rosária Grácio, os livros foram carimbados com a pata da Bia.


Rosária Grácio a autografar o livro "Bia por um triz"
E para além disso, foi exibido um pequeno filme em que a verdadeira Bia se apresentou:




Aliás, foi a partir da adoção da Bia em 2013 que deparei-me com a realidade dos gatos de rua e das associações que todos os dias tentam salvar estes felinos dos muitos perigos a que estão sujeitos, especialmente os gatos dóceis que acabam por ter um curto tempo de vida porque falta-lhes um lar que os acolha.

A adoção destes gatos dóceis e que estão abandonados nas ruas é que motivou este livro.

Se não conseguiu estar presente no lançamento do livro, convido-te a ir visitar a exposição das ilustrações do livro “Bia por um Triz” que ficarão expostas até o dia 27 de agosto de 2017 no Café Chiado Editora – Porto.

Se passar pelo Porto, convido-te a visitar esta exposição onde poderá ver ao vivo, os originais das 21 ilustrações que foram feitas por Gráccio Caetano para o livro “Bia por um triz”. 

Exposição "Bia por um triz" no Chiado Café Literário - Porto.

Exposição "Bia por um triz" no Chiado Café Literário - Porto.

Exposição "Bia por um triz" no Chiado Café Literário - Porto.

Exposição "Bia por um triz" no Chiado Café Literário - Porto.

Exposição "Bia por um triz" no Chiado Café Literário - Porto.

Exposição "Bia por um triz" no Chiado Café Literário - Porto.
E para além disso, poderá usufruir de um espaço agradável onde na companhia de bons livros, especialmente com o livro “Bia por um triz”, poderá conviver com amigos e familiares no centro do Porto.

Chiado Café Literário - Avenida da Boavista 919, Porto

Chiado Café Literário - Avenida da Boavista 919, Porto

Chiado Café Literário - Avenida da Boavista 919, Porto

Chiado Café Literário - Avenida da Boavista 919, Porto

Chiado Café Literário - Avenida da Boavista 919, Porto
Este dia será lembrado para sempre!

Rosária Grácio - autora do livro "Bia por um Triz" coloca sempre uma dedicatória personalizada a cada livro autografado.
Livros "Bia por um triz" à venda no Chiado Café Literário - Avenida da Boavista 919, Porto


Rosária Grácio - autora do livro "Bia por um Triz"


Paulo Caetano - Coautor das ilustrações do livro "Bia por um Triz"

Livros "Bia por um triz" à venda no Chiado Café Literário - Avenida da Boavista 919, Porto

Convido-te também a conhecer e a ajudar a Associação Miacis. Visite a sua  página no Facebook:

Deixo aqui o seu canal no Youtube para que possa conhecer também em pequenos filmes o seu trabalho excecional:

O livro "Bia por um Triz" pode ser adquirido em

Acompanhe mais pormenores sobre o livro Bia por um triz neste blogue e em

A pintura das ilustrações  do ivro "Bia por um Triz"
Obras originais de Gráccio Caetano
gracciocaetano.blogspot.pt

Caso queira adquirir uma obra autografada pela autora e pela Bia, contacte-nos!
gracio.vilela.caetano@gmail.com

Siga-nos na nossa página do facebook:
www.facebook.com/livroBiaporumTriz

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Convidado especial para o lançamento do livro "Bia por um triz" - Miacis


A Associação Miacis - Protecção e Integração Animal será o convidado especial do lançamento do livro "Bia por um Triz".
Convido-te a conhecer a Miacis também na página do facebook - www.facebook.com/evoluimosprotegendo.os/
O lançamento do livro "Bia Por Um Triz" será no dia 26 de julho de 2017 pelas 18.30hs no Chiado Café Literário - Porto,

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Quando amamos, a dor da perda não nos abaixa os braços…


(Continuação do artigo anterior)

Quando cheguei a casa, após a morte da minha querida Pantufa, senti uma espécie de vazio pois já não a via por ali a andar e a olhar para mim.

Por sua vez, a minha outra gata Lady parecia perguntar-me: -  Então, e a Pantufa?


 O coração em luto fica com um espaço vazio. Porém, a vida continua para os que ficam. E se os animais que morrem são agora uma estrelinha no céu, eles dali nos observam e também nos perguntam: 
- E então, vais parar agora?

Por isso, a morte da Pantufa, não foi o seu último capítulo da sua história.

Aliás, a sua memória interminável tinha de prosseguir.

Apesar da morte da minha gata Pantufa ter sido um dos momentos mais dramáticos da minha vida, percebi aos poucos, que ao perdermos um animal de estimação, que adotamos com tanto amor, e que com o qual partilhamos a nossa vida; a melhor forma de homenagear a memória destes anjos de quatro patas, é dar uma nova oportunidade a outros que ali estão à espera de ser adotados.

Se tivemos a oportunidade de amar e ser intensamente amados por um animal, não podemos baixar os braços quando um deles termina o seu ciclo de vida nesta terra.

Na altura da morte da Pantufa, tinha em minhas mãos a Lady, a companheira que conviveu com a Pantufa quase dez anos. Esta gata de mais de nove anos sofria com a inesperada separação que a morte apartou.

E foi assim, que passados alguns dias, eu e meu marido voltamos à clínica veterinária onde faleceu a Pantufa e ali, aonde a Pantufa se despediu de nós, resolvemos adotar outra gata.

Na altura, dissemos à veterinária, que era melhor se a nova gata fosse adulta, pois a Lady que tínhamos em casa já era adulta. Também era bom que esta nova gata não fosse territorial e aceitasse a companhia de outros gatos. E para além disso, desejávamos que esta nova gata fosse cheia de afeto para curar a nossa dor… Meu marido tinha uma doce memória de uma gata que tivera na sua infância, preta e branca, e assim, tínhamos em nosso coração um grande desejo de amar e adotar um novo gato para partilhar com ele, a nossa vida.

Quando se adota um gato já adulto, já se torna mais fácil conhecer a sua personalidade. Quando já temos outros gatos em casa, temos de ter esse cuidado de conhecer um pouco da personalidade do novo gato que adotamos. E para além disso, adotar um gato já na idade adulta, oferece-nos ainda a especial oportunidade de salvar um gato adulto, que merece tanto quanto os mais pequeninos, de ter um lar que os acolha.  

E então eis que a veterinária nos levou para uma sala onde estavam vários gatos, especialmente adultos, todos a necessitar de adoção…

Na altura, não sabia que haviam tantos gatos, especialmente adultos, a necessitar de uma casa…

E no meio daqueles gatos, lá andava de um lado para o outro, uma gata preta e branca.




Foi amor à primeira vista... Quando a colocamos no nosso colo, ela pôs-se logo a ronronar… Parecia que os seus olhos amarelos nos convidavam a abraça-la.

E então adotamos a Bia. Foi em 21 de dezembro de 2013.

Na altura ninguém imaginaria que um dia escreveria um livro sobre ela... Sim, a Bia, aquela que mais tarde iria escrever o livro com o título “Bia por um Triz”.


Foi a partir desse dia que comecei a conhecer a verdadeira história dos gatos, especialmente os de rua.

A memória daquela sala com vários gatos a olhar-nos não mais me saiu da cabeça.

Assim começou a nascer uma vontade no meu coração de escrever uma história … uma história que fosse baseada em factos reais mas que também, de uma forma simples, com linguagem acessível, retirasse os mitos e os preconceitos que, por vezes temos, com relação à personalidade dos gatos…

E foi nascendo no meu coração “Bia por um Triz”. E quem conta a história, não sou eu, mas a própria "BIA POR UM TRIZ".

Quando amamos, a dor da perda não nos abaixa os braços… 

Temos de estar atentos aos acontecimentos da vida, mesmo o mais dramáticos, para aprendermos com eles e assim, crescermos em nossa humanidade, especialmente no respeito com os que nos rodeiam, com maior atenção aos mais frágeis.

Passados estes anos, percebo cada vez mais que a Pantufa não morreu em vão. Ali, naquela clínica onde ela se despediu de nós, começamos a perceber um pouco da realidade dos gatos de rua, que até então, nos passava despercebido.

Foi aqui, neste último capítulo de vida da Pantufa, que comecei a escrever uma nova história…

A verdadeira história dos gatos…

Começou a nascer a história da “Bia por um Triz”.




(O livro “Bia por um Triz” será lançado no 26 de julho de 2017 pelas 18:30h no Chiado Café Literário – Porto, mas já se encontra disponível nas livrarias Chiado em 
www.chiadoeditora.com/livraria/bia-por-um-triz

Agradeço a todos que comparecerem neste momento especial para compartilharem o seu amor pelos gatos. Aos poucos, poderemos mudar as mentalidades e ultrapassar os preconceitos que ainda existem na adoção de gatos já adultos, especialmente os errantes.)

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Amar-te-ei até o fim!



(Continuação do artigo anterior)

Estava com o coração ansioso…

A Pantufa não estava mesmo bem… Foi a primeira vez que ela deixou-se levar para a caixa transportadora sem fazer qualquer reação…

Nunca, mas mesmo nunca, a Pantufa queria ser levada na caixa transportadora. Mesmo nos últimos meses, quando a levei aos dois veterinários para a consultar, ela tornou-se ainda mais difícil quando a tentava levar na transportadora.

Mas desta vez, ela já tão fria, deixou-se meter na caixa. sem dizer nada, só olhava para mim com aquele olhar de um amarelo lindo que só ela tinha.

Quando cheguei à esta nova veterinária, percebi logo uma diferença na clínica. Estavam cães e gatos soltos pela clínica que logo me vieram cumprimentar…

Tive um bocado de receio, mas logo vi que aqueles companheiros de quatro patas eram as boas-vindas para uma veterinária que gostava mesmo do que fazia.

Já não me lembro se estava muita gente ou não… Pois como disse no artigo anterior, estava mesmo com a dor muito forte em meu coração, quando vi a Pantufa, em casa, no chão frio, rodeada de xixi… Nunca a vi em tal situação, ela que sempre se esmerava por estar sempre limpinha …

Então fui chamada para o consultório… E atendeu-me uma jovem doutora e percebi logo um à vontade a lidar com a Pantufa… Disse-lhe o que estava a acontecer nos últimos meses, e ela mediu-lhe a temperatura…

Percebi no olhar da veterinária que as coisas não estavam bem para a minha querida Pantufa…

E sim, a Pantufa estava com uma insuficiência renal crónica… os rins estavam a parar… então eis que a veterinária disse-me logo que ela tinha de ser internada o mais rápido possível para ser operada…


A Pantufa estava mesmo quieta… nunca a vi assim tão calma… como se as suas forças estavam mesmo no seu limite…

A Pantufa foi operada à hérnia porque o intestino estava preso na hérnia e na bexiga, porém os rins, mesmo com a operação, não estavam a funcionar… Por isso, ela teve de ficar internada …

Todos os dias ia visitar a Pantufa após o trabalho… Era muito difícil ver ali a minha querida Pantufa, a olhar para mim, como que a tentar comunicar-me uma mensagem que ainda não conseguia compreender…

Lembro-me, que quando ela me via, levantava-se logo e eu ficava com esperança… Mas a veterinária olhava-me de uma forma mais pessimista…

E quando chegava a casa, lá estava a Lady, sozinha, a olhar para mim… Ah, quanta tristeza… Eu bem lhe dizia que a sua companheira de tantos anos estava doente, mas ela vai voltar, dizia-lhe, ela vai melhorar…

A Lady começou a fazer algo que nunca tinha feito comigo… 

Com a Pantufa, ela tinha o costume de marchar encima da sua barriga e depois, deixava-se estar encima dela…





Nunca compreendi muito bem porque ela fazia isso… mas, a partir dessa altura, a Lady começou a fazer extamente o mesmo comigo… À noite, quando já estava deitada, lá vinha ela para cima da minha barriga, marchar um pouco e depois deixava-se estar encima de mim…

Percebia que a Lady estava com muitas saudades da Pantufa… Percebia-se no seu olhar, quando chegava ao final do dia, e a via ali a olhar com os seus olhos azuis a tentar perceber o por quê da Pantufa não voltar para casa…

E os dias foram passando e o estado clínico da Pantufa não se alterava…  Enquanto estava ali um tempinho com a Pantufa, via outros gatos, alguns deles que estavam para adoção… Um deles, estava na jaula bem abaixo da Pantufa, e chorava por mim, quando eu ia embora, dizia a veterinária…

Mas naquela altura, longe de mim saber o que estava para acontecer… Sabia bem que o temperamento da Pantufa não aceitaria outro gato em casa… Já tinha tido grande dificuldade em esta aceitar a Lady…


Um dia disse ao meu marido para visitar a Pantufa… Só eu ia à clínica porque o Paulo já tinha sofrido por morte de uma gata que estimava muito e que sofreu por doença e para além disso, tinha receio de ir lá vê-la…

Como vos disse nos artigos anteriores, a Pantufa nunca deixou o meu marido fazer-lhe festas. Aliás, quando estava junto do meu marido, ela mantinha-se longe de nós… Nunca o meu marido conseguiu sequer se aproximar da Pantufa. Ela não deixava e bufava-lhe, se ele se aproximasse dela.

Mas, passado alguns dias, a saudade bateu e então o meu marido Paulo foi vê-la… Eu já estava na clínica e eis que estava a fazer festas à Pantufa, quando ele entra na sala…

De imediato, a Pantufa pôs-se de pé… Meu marido ainda hesitou … Mas então, ela deixou-se acariciar por ele …

Nunca o meu marido tinha conseguido tocar-lhe e ela roçou-se nele como fazia comigo… Fez ainda um rom rom de contentamento… Meu marido acariciou o seu corpinho todo e ele chorou de alegria…

E a Pantufa olhou-nos nos olhos … Fixadamente olhou-nos e depois foi-se deitando novamente e então os seus olhitos foram olhando para um horizonte longínquo… para o alto…

Meu marido disse logo em lágrimas: 
- ela está a se despedir de nós!

- Não, não, ela está a melhorar – disse-lhe.

Não queria acreditar nisso. Mas depois desse olhar, a pantufa deitou-se como se estivesse satisfeita e em paz… Ainda lhe acariciei com muito carinho…

Ela manteve-se deitada e não mais nos olhou… Parecia estar com muito sono…

Eu e meu marido abraçamo-nos a chorar!

Mas eu repetia: - ela vai ficar boa!

Enquanto tudo isto acontecia, o meu marido viu, que do outro lado da sala, estava uma gata preta e branca a olhar-nos, atrás de uma jaula… e depois lentamente ela foi colocando a pata entre as grades a tentar tocar-nos… 

Na altura, eu não via mais nada para além da minha querida Pantufa…

Fomos para casa, e eu mantinha a esperança, pois não podemos desistir nunca!

Porém, no outro dia, recebi a notícia que mais temia... Quando a veterinária foi ver a Pantufa, logo de manhã cedo, ela já tinha falecido…

Mas, porquê? - perguntei à veterinária. Ela parecia estável, parecia que estava a melhorar... Ontem o meu marido veio visita-la, e ela nem gostava muito do meu marido, e até deixou-lhe fazer festas...

E a veterinária disse-me:
- Ela esperou pelo seu marido para se despedir dele também...

Nunca mais irei esquecer desta frase... Este foi o primeiro abanão que eu recebi pois ainda não conhecia a verdadeira personalidade os gatos...

Ali, no momento da sua despedida, a Pantufa me demonstrou que um gato ama, e ama muito, mesmo que não o demonstre, mesmo que não o queira demonstrar...

Nós, humanos, gostamos de racionalizar as coisas à nossa medida... Se um gato nos bufa, pensamos logo que ele nos está a rejeitar... 

Como tenho referido nestes artigos, que não são apenas para entreter, é preciso contar a verdadeira história dos gatos para os conhecermos melhor... 

Por isso, tenho partilhado neste blogue do que tenho vivido ao lado dos gatos que tenho adotado na minha vida. 

E sim, a Pantufa amava o meu marido muito, mesmo sem o ter demonstrado até o dia da sua despedida...

Só depois de o ter visto, é que ela finalmente pôde ir em paz... 

- Amar-te-ei até o fim! - esta foi a mensagem, que a Pantufa nos queria transmitir, quando se despediu de nós naquela noite, que foi a véspera da sua morte...

E como choramos esta perda... Era uma dor inconsolável... Nunca me tinha sentido assim...

Ao escrever este artigo, chorei por várias vezes, ao lembrar de como a Pantufa nos deixou... A perda de um animal que nos acompanhou durante tantos anos, só quem passou por isso, pode compreender a profundidade disto tudo.

Mas a culpa foi do sofá? Foi por causa do sofá preferido da Pantufa que ela ficou doente?



Ainda pensei que foi por causa disso, por algum tempo... 

Mas, depois falando com a veterinária que ainda tentou salva-la, ela disse-me que não... 

Poderia ter sido uma queda que a Pantufa teve, fazendo-lhe uma hérnia, que depois prendeu o intestino e a bexiga, parando-lhe os rins...

No entanto, as hérnias também podem ser de nascença. Como a Pantufa era gordinha, os veterinários que a viram antes, poderiam não ter notado a hérnia ao palpar. Por vezes, a hérnia é um buraco pequenino que não se nota e os gatos vivem, ainda bem, durante algum tempo, até que um orgão fica preso na hérnia, e então, começam os problemas.

Foi uma coincidência toda aquela história do sofá que foi mudado, e toda aquela situação dos apegos às coisas que os gatos, por vezes, têm...

Realmente, por vezes, as coisas acontecem, e não vale mesmo a pena ficarmos a tentar explicar o por quê, antes, temos de nos focar no "para quê" tudo isso aconteceu...

Já me disseram que cada qual tem o seu livro de história e a morte tem sempre uma desculpa.

Agora restava-me a minha querida Lady que ficou sozinha em casa, e sem mais ver a Pantufa...  Também eles, quando perdem um companheiro de vida, sofrem imenso...

Eu e meu marido começamos a ver um olhar muito triste na nossa querida Lady... 

Não, não podemos perder também a nossa querida Lady!


(continua no próximo artigo)


quarta-feira, 12 de julho de 2017

O sofá preferido da Pantufa


(Continuação do artigo anterior)

Como dizia no meu artigo anterior, os gatos apegam-se às pessoas e por isso também se apegam às coisas que estas pessoas que eles amam, mais usam.

Penso que isso é a razão por quê eles arranham aquele sofá que mais é utilizado pelo seu humano preferido da casa. Ou então quando eles veêm qualquer coisa nova que é trazido para a casa, e por assim dizer, eles vão logo colocar a sua presença por meio de uma arranhadela ou apenas roçar-se, espalhando ali o seu cheiro.

A questão de pertença que os gatos assumem para eles próprios, é algo extraordinário que nunca imaginava que eles poderiam sentir. Longe deles estarem a achar que estão a estragar as coisas dos seus tutores. O que está em causa aqui é a tamanha fidelidade que eles têm por nós que se estende às coisas que usamos na casa e até nas roupas que vestimos.

E como cheguei a esta conclusão?

Infelizmente da pior maneira, pois vivi com a minha primeira gata Pantufa uma dessas experiências que nunca julguei que fosse possível.

Como tinha dito no artigo anterior, a minha gata Pantufa gostava muito do sofá que utilizávamos quando víamos televisão. Quando não estávamos em casa e mesmo se estava na cozinha, era ali no sofá da sala que a Pantufa e a Lady mais estavam. A Pantufa esticava-se toda, mostrando aquela barrigita preta tão amorosa com duas manchas de pelo branco.


No entanto, o sofá estava todo arranhado, quase a desmanchar-se todo. Resolvemos então comprar outro sofá e jogarmos aquele fora.

Por acaso, como era um sofá-cama, uma instituição interessou-se por leva-lo mesmo assim, já que a cama e o colchão ainda podiam ser utilizados.

E foi assim, que o sofá velho onde a Pantufa dormia foi levado da casa, e logo a seguir, um novo sofá veio para o mesmo lugar onde estava o outro.

Era um sofá novinho, de imitação de napa preto, que deixava muito mais bonita a sala de entrada da casa.

Porém, depois do sofá lá estar, eis que a Pantufa fez algo inimaginável: fez um cocó encima do sofá!

Ela nunca tinha feito qualquer das suas necessidades fora da caixinha da areia. Foi a primeira vez que tal aconteceu.

Eu e meu marido ficamos estupefatos com tal situação tão sem sentido.

Para nós, humanos, aquela ação foi algo que nunca poderia se esperar de um animal que já vivia connosco há cerca de dez anos.

A Pantufa já vivia há cerca de dez anos na nossa casa. Nunca, em momento algum, ela fez xixi ou cocó fora da caixinha da areia. Mesmo quando ainda era ainda tão pequenina, nunca vi em lado algum da casa, qualquer coisa dessa ou qualquer sujidade.


A Pantufa foi sempre uma gata extremamente asseada com o seu pelo. Aliás, o seu pelo negro brilhava ao sol de tão limpo que estava.

Porém, na altura não compreendi a mensagem da Pantufa. Não tinha conseguido compreender o que ela me queria dizer.

Zanguei-me e deixei de falar com ela. A Pantufa, quando não me via a olhar e a falar com ela, ficava mesmo magoada e triste. Foi assim que eduquei a Pantufa, e claro, passadas algumas horas, voltava a falar com ela, pois não aguentava ficar assim por muito tempo. Bastava fazer isso e ela percebia logo os seus limites.

No entanto, desta vez, isso não adiantou.

Depois do novo sofá vir para casa e o seu sofá ter ido embora, a Pantufa nunca mais voltou a ser a Pantufa de antes.


Todos os dias chegava a casa e sempre via, aqui e ali, xixi e cocó. No início, mostrava-me zangada e dizia-lhe que ali não se faz.

No entanto, os dias foram passando e todos os dias era surpreendida, especialmente com uma pocinha de xixi a meio da sala.

Levei-a ao veterinário e como a Pantufa continuava a alimentar-se bem e até mantinha o seu peso, disseram-me que era um problema comportamental.

Foi nessa altura que ouvi falar do tal apego que os gatos têm às coisas da casa onde moram, e por vezes, eles ficam ofendidos quando jogamos fora, certos móveis e roupas, onde se deitam ou estão mais tempo…

Isso parecia-me um absurdo, pois o que aquele sofá velho tinha de tão especial para a Pantufa?

Os dias foram passando e as coisas foram ficando cada vez piores.

Resolvi levar a Pantufa a outro veterinário e igualmente este disse-me o mesmo, e até aconselhou-me a separar a Pantufa num lado da casa até passar esta tal crise comportamental...

As poças de xixi foram aumentando. E então, ela começou também a fazer xixi na cama onde eu dormia. Por causa disso, acabei por aceitar o conselho do tal veterinário e acabei por colocar a Pantufa num canto da casa onde tivesse a areia, a água e a comida e assim mantivesse um pouco de higiene na casa.

Quando fiz isso, Lembro-me até hoje do olhar da Pantufa a fitar-me, um olhar profundo que me entrava pelo coração adentro… Não percebia toda aquela situação… Não percebia o por quê de ela estar a fazer aquilo após dez anos de convivência...


Sim, ela nunca deixou de comer, aliás mantinha tudo normal na companhia da sua amiga Lady. Como poderia deixar a minha gata a um canto da casa? Na altura não sabia das fraldas nem nada disso. Os veterinários onde levei a Pantufa nada me disseram acerca disso. Mas não consegui deixa-la ali a um canto da casa. 

Não aguentava ver a Pantufa sozinha e por isso deixava-a livre, colocando plásticos encima da cama e móveis para que ela não os sujasse com o xixi e o cocó. Foi a única maneira de a ter a andar de um lado para o outro e manter a casa com mais higiene.

Passaram-se alguns meses. Na altura estava a estudar à noite e a trabalhar de dia. Chegar a casa cansada, e ver que a Pantufa continuava a fazer xixi em vários lugares da casa, me deixava cada vez mais preocupada…


Foram meses de grande angústia …

Então comecei a tentar localizar outros veterinários no lugar onde eu morava. Até, lembro-me de pedir a um deles que viesse a casa para vê-la…

E então, eis que um dia cheguei a casa e encontrei a Pantufa na casa de banho, parada a um canto, sobre o chão frio e cheio de poças de xixi aqui e ali.

Não aguentei, agarrei nela, embrulhei-a num cobertor e coloquei-a numa transportadora.

Tinha ouvido falar de uma veterinária, ali perto onde eu trabalhava, e fui pela rua já quase noite, a chorar e quase a implorar a Deus que esta veterinária me ajudasse a saber o que a Pantufa tinha.

Não podia ser só um problema comportamental. Desta vez, quando vi a Pantufa na casa de banho, senti-a quase gelada… não podia ser só uma birra, tinha que haver qualquer outra coisa que estava a acontecer para além do tal problema comportamental …

(continua no próximo artigo)